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Esculturas de Paul Landowski no Palácio Piratini passam por limpeza

O trabalho faz parte da comemoração do centenário da sede do governo gaúcho

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Limpeza do grupo escultórico A Primavera, na fachada sul do Palácio Piratini. - Foto: Álvaro Bonadiman

Logo na entrada do Palácio Piratini, há duas obras de arte: a Agricultura e a Indústria, esculturas do artista francês Paul Landowski. Na fachada sul, integra os jardins internos da sede do governo gaúcho, está presente outro trabalho: o grupo escultórico A Primavera, também conhecido como Às Quatro Estações. Essas criações foram centrais em uma parte da comemoração do Centenário do Palácio: os trabalhos de conservação e restauração do prédio. “Pela relevância artística e histórica desses bens, é necessária a execução de ações de conservação periódicas para garantir a salvaguarda do patrimônio”, justifica a arquiteta Maria Clara Bassin, especializada em patrimônio histórico e coordenadora da Assessoria de Arquitetura do Palácio Piratini. 

Entalhadas em rocha calcária e revestidas com cirex, as esculturas acabam acumulando sujeiras com o decorrer do tempo, apresentando manchas escuras em tons cinza, causadas pelos biofilme, explica o restaurador Antônio Sarasá, especializado em restauro e conservação de bens materiais. “Muito mais do que a limpeza, essa ação busca resgatar os valores simbólicos do edifício”, comenta o especialista.

As obras

As esculturas de Landowski instaladas no Piratini foram encomendas em 1910 e produzidas entre 1911 e 1913, na França. Vieram divididas em partes para a capital gaúcha e remontadas em seu local definitivo. A escolha do escultor se deu pela proximidade dele com o arquiteto responsável pelo projeto do Palácio, Maurice Gras, conta a museóloga especialista em mediação cultural e neta do escultor, Élisabeth Caillet. O arquiteto e o artista ainda trabalharam juntos em outras criações na Argélia e em Madri.

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Grupo escultórico A Primavera - Foto: Álvaro Bonadiman

Na fachada principal do Piratini, encontram-se duas estátuas: à esquerda é uma alegoria à Agricultura e, do outro lado, a Indústria. No pátio interno, fica o grupo escultórico A Primavera, cujo nome dado pelo autor é, na verdade, Les trois âges de la vie, em tradução literal, às três fases da vida. Élisabeth aponta que o trabalho de Landowski faz parte da modernidade realista, sendo um dos representantes da Art Déco, movimento iniciado na Europa nos anos 1910. Nas esculturas, a característica principal desse movimento é serem obras para decoração em edifícios governamentais, praças públicas e salões privados.

A limpeza

Para a limpeza das obras, foi utilizada a técnica chamada de limpeza seletiva que é “um estudo e entendimento do que estava ali sujando e até degradando os materiais, e se atua de forma seletiva, retirando cada sujeira, com a remoção apropriada” explica Antônio. 

Para quais técnicas seriam utilizadas nas estátuas, o processo iniciou com o uso de uma câmera térmica para analisar o material da escultura e identificar os biofilmes e sujidades presentes. “Biofilmes são filmes com vida, como fungos, líquens, musgo, que podem deteriorar a argamassa” define o arquiteto responsável pela limpeza. Em seguida, houve quatro testes para definir qual técnica seria a mais adequada para a higienização. 

O primeiro estudo ocorreu in loco nas estátuas, com a aplicação de um emplastro para verificar se, com esse material, conseguiria se fazer a limpeza, explica Clara. Os outros três foram feitos em laboratório: um pedaço da fachada do Piratini foi levada para São Paulo, sede do estúdio responsável pela limpeza. Dois deles consistiram em testar materiais para verificar qual seria o adequado, e o último era para verificar a granulometria das pedras do Palácio. 

O processo de limpeza em si, iniciou com a retirada de excrementos de aves, plantas invasoras, colônias de insetos, alguns biofilmes e poluentes de forma física com o uso de espátulas e escova de cerdas plásticas. Em seguida, as estatuárias foram lavadas com água e sabão neutro. O próximo passo foi a limpeza química seletiva que visava neutralizar os biofilmes e, nos pontos que apresentavam maior grau de deterioração, com uma material chamado Garnet.

Com base nas pesquisas, identificou-se que o grupo escultórico da fachada sul estava com mais sujidades. “Em função da não incidência de sol na fachada sul, ela fica mais suja, e é isso que cria as sujidades e faz proliferar mais rápido os microorganismos” explicou Antônio. Clara também aponta que “os topos e destaques são áreas mais suscetíveis ao depósito e armazenamento de sujidades e umidade, por mais tempo, culminando nos biofilmes e agentes deletérios”, por isso, também demandaram um cuidado especial.

O serviço de conservação e zeladoria das estátuas contou com o trabalho da Assessoria de Arquitetura do Palácio Piratini com o Estúdio Sarasá e foi um projeto cultural patrocinado pela Corsan, com apoio da Secretaria de Agricultura.

Paul Landowski

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O escultor Paul Landowski
O escultor nasceu em Paris, no dia 1º de junho de 1875. Aos sete anos, seus pais faleceram e ele passou a morar com um tio. Ainda jovem, descobriu seu amor pela arte, mais especificamente, pela literatura, tendo William Shakespeare, Victor Hugo e Gustave Flaubert como referências. 

Também dedicou-se ao desenho, entrando na escola privada Academia Julian, em 1893, para aprimorar suas técnicas. Na mesma época, ingressou na Escola de Medicina, onde desenhava os corpos para seu professor. Mas encontrou sua verdadeira vocação no bronze: a escultura, e entrou na Academia de Belas Artes em 1895, onde estudou por cinco anos. Para Landowski, tanto a inspiração quanto a criatividade só surgem com uma base técnica aprofundada.

Destacou-se tanto na área da escultura que recebeu o Prix de Roma, bolsa de estudos dada pelo governo francês a artistas, em 1900, e ponto de partida para a carreira de diversos artistas, como aponta a museóloga especialista em mediação cultural e neta do escultor, Élisabeth Caillet.

O artista é responsável por obras em diversos países e começou a trabalhar em parceria com o Brasil em 1910, por um convite de seu amigo, o arquiteto Maurice Gras, o responsável pelo Palácio Piratini. O convite foi para fazer duas esculturas na fachada e um grupo escultórico nos jardins internos. De acordo com a biografia oficial do escultor, presente em seu site, foi o bom trabalho e o sucesso das estátuas no estado gaúcho que renderam a ele o contrato para fazer o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, sua obra mais famosa, 20 anos mais tarde.

Outros de seus trabalhos famosos são a Santa Genoveva, na Pont de la Tournelle, em Paris, e A União e a Fênix Espanhola, em Madrid, na Espanha, também em parceria com Gras. O grande projeto de sua vida era a exibição da obra O Templo do Homem, que nunca foi finalizada por falta de financiamento. A obra possuiria oito metros de altura e 200 metros de comprimento, de acordo com sua biografia oficial.

Sua obra faz parte da modernidade realista, sendo um dos representantes da Art Déco, aponta a museóloga especialista em mediação cultural e neta do escultor, Élisabeth Caillet. Art Déco é um movimento iniciado na Europa, nos anos 1910. Nas esculturas, a característica principal desse movimento é serem obras para decoração em edifícios governamentais, praças públicas e salões privados.

O escultor seguiu, também, a carreira acadêmica, sendo professor da Escola Nacional de Belas Artes e diretor da Villa Medici, de Roma. Em 1944, reuniu artistas franceses para lutarem por liberdade para os alunos da Escola de Belas Artes de Paris presos na Alemanha. 

Paul Landowski faleceu em 31 de março de 1961, em sua casa, na cidade de Boulogne-Billancourt.

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